Saúde e bem estar

Estudos com anestésicos trazem bons resultados no tratamento de depressão

A depressão é caracterizada como um sentimento de tristeza profunda com redução no interesse pela prática de atividades que antes eram prazerosas. O transtorno não tem uma idade específica para surgir, tanto que acomete desde crianças até idosos.

Alguns fatores contribuem para o aparecimento da depressão, como a questão genética, o uso de determinados medicamentos, determinadas situações a que a pessoa foi exposta e alterações na produção de hormônios.

Como existem vários níveis do transtorno, o tratamento pode incluir apenas o acompanhamento médico, com psicólogo, ou o uso de medicação, tendo também as consultas com o psiquiatra. Dentre as muitas medicações usadas, um estudo recente testou a cetamina, um anestésico, para observar os resultados.

Efeitos rápidos

A cetamina é um anestésico comum, usado no tratamento de dores e em anestesias. Nos Estados Unidos, um estudo, patrocinado pela Cleveland Clinic Foundation, testou a eficácia do mesmo medicamento contra a depressão.

O que se percebeu é que o efeito foi rápido. Em média, em 24 horas os pacientes já apresentavam melhoras nos sintomas do transtorno. Porém, é importante ressaltar: o anestésico, se der certo, não será liberado para todos os níveis depressivos.

Os níveis de depressão

A depressão se divide em três graus: leve, moderada e grave. Dentro desses níveis podem ocorrer diversos tipos, como depressão ansiosa, psicótica, pós-parto ou distimia. Cada tipo tem um tratamento direcionado, sempre considerando o grau depressivo do paciente.

Casos mais leves são tratados com acompanhamento psicológico, muitas vezes sem a necessidade de medicamentos. Quando fica claro que o transtorno interfere 

na vida do paciente, a ponto de ele deixar de comer e fazer qualquer atividade, a medicação passa a fazer parte, vinculada ao tratamento com psiquiatra.

Ao longo desse tratamento, o psiquiatra observa como a pessoa reage aos remédios. Se observada melhora, segue-se com a dose definida e, gradualmente, vai diminuindo, para retirada da medicação. 

Agora, quando os sinais indicam que o primeiro remédio não funciona, o médico tenta outras opções até encontrar uma que melhor se adapta ao paciente.

Cetamina como última alternativa

Cerca de um terço das pessoas diagnosticadas clinicamente depressivas estão suscetíveis a não responder a pelo menos dois medicamentos antidepressivos. É uma condição conhecida como depressão resistente, quando o corpo resiste ao tratamento.

Nesses casos, o tratamento recomendado era a ECT, terapia eletroconvulsiva, feita com anestesia geral, apesar de não ser vista com bons olhos pela forma como foi utilizada no passado.

Depois do estudo, a cetamina administrada por via intravenosa tem grandes chances de entrar como uma alternativa para a depressão resistente. Seus resultados chegam a ser mais eficazes que as sessões de ECT. 

Amit Anand, um dos autores do estudo e professor de psiquiatria em Harvard, afirma que “os resultados foram muito surpreendentes para nós”. Ele e seus colegas de pesquisa esperavam que a cetamina funcionasse como a ECT, mas viram que ela é até melhor, principalmente pelos resultados rápidos.

Como funcionou o estudo

Foram selecionados de forma aleatória 365 pacientes com depressão resistente. Cerca de metade deles recebeu a cetamina por via intravenosa, enquanto o restante foi tratado com sessões de ECT.

Cerca de 55% das pessoas tratadas com cetamina relataram melhora de, ao menos, 50% dos sintomas depressivos após receberem o anestésico. No outro grupo, apenas 41% tiveram a mesma experiência. 

Por mais que o estudo tenha trazido avanços para o tratamento da depressão, os autores ainda têm algumas ressalvas com o tempo destinado aos pacientes tratados com ECT e o modo como a investigação foi feita, estimulando apenas um lado do cérebro. 

Depressão psicótica é a exceção

Apesar dos resultados positivos observados no estudo, os tipos de depressão também foram analisados. Pacientes com depressão psicótica, por exemplo, não reagem bem à cetamina — no caso, não apresentam melhora. Nessa patologia, a tendência é que, mesmo em doses baixas, ocorra a piora dos sintomas.

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